Desde a pandemia, a relação entre trabalho e espaço físico mudou radicalmente. O que antes era exceção virou regra para muitas empresas e trabalhadores, e agora, em 2025, o modelo híbrido ou remoto já faz parte do cotidiano profissional de milhões de pessoas. Mas, além do impacto na rotina, essas escolhas também afetam diretamente o bolso, às vezes de forma “invisível”.
Enquanto trabalhar de casa pode representar economia com transporte e alimentação, ele também traz custos novos, como energia elétrica, internet mais potente e a necessidade de montar uma estrutura adequada. Já o modelo híbrido, apesar de oferecer mais equilíbrio, pode carregar tanto os gastos do home office quanto os do deslocamento. Entender essas diferenças é essencial para fazer uma escolha consciente e financeiramente viável. Continue a leitura aqui, no O Contábil, para saber mais.
O que muda no orçamento com o trabalho remoto?

Trabalhar de casa costuma ser associado à economia — e, de fato, há reduções importantes. Sem a necessidade de deslocamento diário, muitos trabalhadores deixam de gastar com transporte público, combustível, estacionamento e até pedágio. Também há uma queda no consumo fora de casa, como lanches, refeições e cafés comprados por impulso.
Por outro lado, esses mesmos profissionais passam a arcar com custos que antes eram diluídos no ambiente corporativo. A conta de luz tende a aumentar com o uso prolongado de eletrônicos, ventiladores ou ar-condicionado. A internet precisa ser mais estável e veloz, o que pode significar um plano mais caro. E, dependendo do espaço disponível, é comum que a pessoa precise comprar uma cadeira ergonômica, uma escrivaninha ou outros itens que garantam conforto e produtividade.
Esses gastos podem parecer pequenos de forma isolada, mas somam uma diferença considerável no fim do mês. Segundo o portal Meu Bolso em Dia, manter um home office básico pode representar um aumento de 10% a 15% nas despesas fixas mensais, dependendo do estilo de vida da pessoa.
O custo do modelo híbrido
O modelo híbrido, que intercala dias presenciais e dias remotos, oferece uma combinação de flexibilidade e convívio. No entanto, essa dualidade também se reflete nas finanças. Isso porque, em muitos casos, o trabalhador continua arcando com custos do home office, mas volta a ter despesas com transporte, alimentação fora de casa e até vestuário mais formal.
A rotina híbrida pode exigir mais planejamento. Por exemplo, vale a pena manter uma estrutura completa de home office se você vai usá-la apenas dois dias por semana? Por outro lado, dá para evitar comer fora todos os dias no escritório? São perguntas que ajudam a mapear onde é possível economizar sem perder conforto ou produtividade.
Outro ponto importante: o modelo híbrido exige mais organização com o tempo e pode gerar gastos “ocultos”, como lavanderia, refeições rápidas, snacks para a bolsa ou mesmo aplicativos de transporte, caso não haja tempo para trajetos mais longos em ônibus ou metrô. Esses detalhes também pesam no orçamento.
Benefícios oferecidos pela empresa: atenção redobrada
Muitas empresas oferecem benefícios que ajudam a equilibrar os custos, como vale-transporte, vale-refeição ou até auxílio home office. Entender quais vantagens estão disponíveis pode fazer toda a diferença na hora de escolher o melhor modelo de trabalho.
No regime remoto, é comum que o vale-refeição seja suspenso ou convertido para um auxílio alimentação de valor reduzido. Da mesma forma, o vale-transporte não é mais concedido, o que pode representar uma queda na renda líquida, especialmente para quem contava com esses valores para além do trajeto.
Já em modelos híbridos, é preciso verificar se os benefícios se ajustam proporcionalmente à carga presencial. Em alguns casos, o trabalhador recebe o vale-refeição integral, mesmo indo à empresa apenas três vezes por semana. Em outros, os valores são calculados por dia útil de trabalho presencial, o que pode reduzir os ganhos.
Por isso, vale sempre conferir a política da empresa e, se possível, conversar com o setor de RH para entender os impactos no contracheque. Às vezes, o que parece vantajoso no estilo de vida pode não se traduzir em vantagem financeira.
Outros impactos financeiros indiretos

Trabalhar em casa ou de forma híbrida também afeta o consumo de outras maneiras. A pessoa tende a gastar menos com roupas formais ou maquiagem, por exemplo, mas pode consumir mais com serviços de entrega, alimentos prontos e até aplicativos de entretenimento, como uma forma de compensar o isolamento ou a rotina mais silenciosa.
Além disso, o tempo economizado com deslocamento pode ser aproveitado para atividades que gerem renda extra, como freelas, cursos online ou pequenos empreendimentos. Já no modelo híbrido, o contato presencial com colegas pode abrir mais portas para promoções e oportunidades de crescimento, o que, no longo prazo, também tem impacto financeiro positivo.
O importante é perceber que o modelo de trabalho escolhido não afeta apenas a rotina, mas todo o entorno da vida profissional. E isso inclui gastos que vão além das contas óbvias.
Considerações finais
Escolher entre trabalho remoto ou híbrido vai muito além de preferência pessoal — é uma decisão que impacta diretamente o orçamento. Cada modelo tem seus prós e contras financeiros, e o segredo está em entender como eles se encaixam na sua realidade. Avaliar os custos visíveis e invisíveis, considerar os benefícios oferecidos pela empresa e planejar com atenção são atitudes que ajudam a evitar surpresas desagradáveis. Afinal, qualidade de vida também passa por equilíbrio financeiro.